Mercado Financeiro

Trigo no Sul do Brasil enfrenta desafios no plantio e mercado, enquanto oferta global pressiona preços em Chicago

Plantio de trigo avança no Sul, mas clima e mercado criam obstáculos


Publicado em: 13/06/2025 às 11:10hs

Trigo no Sul do Brasil enfrenta desafios no plantio e mercado, enquanto oferta global pressiona preços em Chicago

No Rio Grande do Sul, o plantio de trigo tem avançado rapidamente, com expectativa de atingir pelo menos 25% da área até o dia 14 de junho. No entanto, a previsão de chuvas para o sábado deve interromper temporariamente os trabalhos no campo. Apesar do esforço, cooperativas e produtores estimam que a área cultivada não ultrae 1 milhão de hectares, menor extensão desde 2020. No mercado disponível, as negociações permanecem limitadas, com preços entre R$ 1.300 e R$ 1.400 por tonelada, dependendo da qualidade e região. Os moinhos locais já garantiram quase toda a demanda para julho.

Em Santa Catarina, o cenário também é de retração. Segundo a Conab, a produção deve cair 6,3%, mesmo com um leve aumento de 2% na área plantada, reflexo da queda de 8,1% na produtividade média. A venda de sementes registra redução de cerca de 20% em relação ao ano anterior, indicando uma produção futura menor. No mercado estadual, os preços pagos aos triticultores permanecem estáveis, com valores próximos a R$ 75 a R$ 80 por saca, variando conforme a localidade.

No Paraná, a Conab surpreendeu ao projetar aumento de 10,7% na produção de trigo, mesmo com queda de 20,5% na área plantada, apostando em um ganho expressivo de 39,2% na produtividade — estimativa vista com otimismo pelo mercado. A comercialização segue travada: produtores pedem pelo menos R$ 1.550 por tonelada FOB, enquanto compradores oferecem até R$ 1.500 posto moinho. Para a safra nova, há intenção de compra a R$ 1.400 em outubro e R$ 1.350 em novembro, mas sem vendedores interessados. Os preços médios no Paraná fecharam em R$ 79,25 por saca, com custo de produção estimado em R$ 73,53, garantindo um lucro médio de 7,78%, ligeiramente inferior aos 8% anteriores.

Oferta global impulsiona queda nos preços do trigo em Chicago

No mercado internacional, o trigo fechou em queda pelo quarto pregão consecutivo na Bolsa de Chicago (CBOT), pressionado pelo aumento das estimativas de produção na União Europeia. A consultoria Strategie Grains elevou sua projeção para a safra europeia de 2025 para 130,7 milhões de toneladas, acima das 129,8 milhões estimadas em maio, 15,5% superior à colheita prejudicada pelas chuvas no ano anterior. O bom desempenho está associado a condições climáticas favoráveis no sul da Europa, especialmente na Espanha, Romênia e Bulgária, que devem alcançar colheitas recordes. No norte do continente, as chuvas recentes estabilizaram as lavouras, mas o rendimento permanece incerto, especialmente na França e Alemanha.

O relatório global do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) teve impacto limitado no mercado, mantendo a produção dos Estados Unidos para 2025/26 em 1,921 bilhão de bushels, o mesmo valor do relatório anterior. A safra 2024/25 foi mantida em 1,971 bilhão de bushels. Os estoques finais dos EUA para 2025/26 foram revisados para 898 milhões de bushels, abaixo da estimativa anterior de 923 milhões. A produção mundial está estimada em 808,59 milhões de toneladas para 2025/26, com estoques finais globais projetados em 262,76 milhões de toneladas, uma leve redução frente ao relatório anterior.

Os contratos futuros de trigo para julho e setembro de 2025 fecharam em baixa, cotados a US$ 5,26 ½ e US$ 5,41 ¾ por bushel, respectivamente, recuando cerca de 1,3% a 1,45% em relação ao fechamento anterior, refletindo a expectativa de maior oferta global.

O mercado de trigo segue sob pressão no Brasil e no exterior, com desafios no plantio, variações na produtividade e o cenário de oferta global influenciando os preços e a dinâmica de comercialização.

Fonte: Portal do Agronegócio

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